sábado, 29 de novembro de 2008

ventos de longe, sopros de perto

O tempo lá fora lembra Inverno próximo... frio, chuva que não pára, ouve-se o vento e um ou outro trovão... cá dentro lareira acesa e o aconchego de pensamentos em cores de fogo... saudade diz-se apenas português, mas de que interessa saber nomes... sei que quem por ali passou, pode não saber dizer saudade mas o que vai no peito quando invade o pensamento é tudo quanto tenho no meu agora... Sim, tenho saudade de andar um verão a juntar dinheiro para gasta-lo num minuto para andar 23 horas numa caixa fechada, gelada, com quatro rodas. Partir. Sim, tenho saudade de acordar as 8h da manhã, esfomeada e ir em jejum até às cores de fogo, só porque aquela oração é tão única e não conseguiria não querer sentir. Comunhão. Sim, tenho saudade de comer pão com chocolate e de barrar manteiga no pão da forma mais original possível. Simples. Sim, tenho saudade de acordar a sorrir por ter de andar por entre o vento gelado para ir trabalhar. Dar. Sim, tenho saudade ver as crianças sujar as taças e as colheres cheias de manteiga que eu ia lavar. Ser. Sim, tenho saudade de sentir o cheiro das lentilhas que nunca conseguirei comer. Perto. Sim, tenho saudade de adormecer no meio de palavras importantes que quero ouvir mas que os meus olhos não deixam manter acordada. Estar. Sim, tenho saudade de me manter em silêncio mesmo quando o coração grita. Oração. Sim, tenho saudade de sentir o frio gelar-me por dentro e sentir aquela dor cortar-me a pele e não sentir as mãos de tão gélidas. Calor. Sim, tenho saudade de ter para lanchar apenas um chá. Perfeito. Sim, tenho saudade de não saber falar inglês e de partilhar um pouco de mim em inglês, reflectir em inglês, ouvir as línguas do mundo e sabem que mais, a linguagem universal funciona mesmo. Amor. Sim, tenho saudade de cantar vezes sem conta a mesma frase, só porque faz sentido. Saudade de ter sempre um abraço quente, de escrever no fluir daquelas cores de fogo, de ir até a cripta ouvir, compreender e sentir que faz sentido ser alguém. Compreender, ainda que sem palavras de entendimento. Saudade de sentir que somos um, um mundo de gente que sorri porque apetece, porque cantamos juntos, porque acreditamos num mundo melhor, porque somos um. Sim, tenho saudades de Ti. Deus.

Laudate Omnes Gentes . . .

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

acertem com a vida

abro a porta da rua, encho o peito de ar para enfrentar o frio na rua e o frio em mim que adia para o amanha o dia de ontem… passo a passo vejo a noite, as luzes de um qualquer carro que passa e repassa… ninguém fala, ninguém olha, ninguém passa de corpo e mente. Pego nos phones, vou na minha, não estou de corpo e mente também… afinal há que andar em sintonia com o mundo. Será?!
Uma hora para apreender o que uma sala fechada com luz artificial e um computador ligado têm para me ensinar. Pergunto-me pela lógica desta frase. Enfim, regresso a casa, vestir de novo o casaco, quando já vamos tarde a rua espera-nos sempre com um pouco mais de frio para nos abraçar… a musica diz-me “movimento perpétuo” em rua escura vou cantando alto despercebida de mim, apercebida deste mundo que dorme… musica alegre nos ouvidos… vontade de rir, sorrir, CANTA-LA… e ando, dou um salto aqui, outro mais la a frente, sempre, assim que o corpo pede, giro sobre mim, e de outra vez de braços abertos ao vento… e as pessoas olham, riem, sorriem… louca? Que seja… sou eu, sou livre… em momento perpétuo que solto, que acordam os sentidos, que me “dá mais sentido à vida”...

Proponho que troquem convosco e acertem com a vida