quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Por entre lembranças, canetas e papeis abro um pequeno bloco... Lembrei lugares onde me senti nómada... e em casa. Revivi a história do peixe e do mar, e de um astrónomo que falava com as estrelas julgando Deus no céu. Voltei a sentir o turbilhao de emoção de água pura em pé sujo, a encontrar-me na minha pequenez. Voltei a apreender lições de sempre...

Deus acredita em ti.
Deus quer precisar de ti.
Esta é a minha casa.
Aqui eu penso, projecto, sonho, alimento-me.
Aqui eu rezo, recordo, choro, zango-me, encontro-me.
Aqui sofro, aqui canto.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Maneiras de ser (Contrariedades) por Mike Bramble

Às vezes gritas quando às vezes falas

Em dias cinza em falta com nada

Ensaias actos e lutas com os fatos

Importas ira mas culpas a sina

Dizes tu, ou finges e não dizes nada

Comentas que silêncio é praga

Fazes a cabeça em água

Insistes em manter a calma

Sem ver que fazes sem querer

Sem querer que tentas não ver

Apontas e das a culpa em mil desejos de ter

Contrariedades que juntas mil maneiras de ser

Às vezes brincas outras vezes choras

Mas bem lá dentro outras jogas fora

Mandas pr’a frente mas vais ao contrário

Erras sem medo e sem mostrar o fraco

Dizes tu, ou finges e não dizes nada

Comentas que silêncio é praga

Fazes a cabeça em água

Insistes em mater a calma

Sem ver que fazes sem querer

Sem querer que tentas não ver

Apontas e das a culpa em mil desejos de ter

Contrariedades que juntas mil maneiras de ser

Foges, gritas, ficas mudo

E tudo tem um sumo sem sabor

Fazes parte, pões-te à parte,

És gelo e calor

Sem ver que fazes sem querer

Sem querer que tentas não ver

Apontas e das a culpa em mil desejos de ter

Contrariedades que juntas mil maneiras de ser

"...my home, my life."


Quando nasci entrei nesta casa. Minha mãe me abriu a porta. Fiquei-me pela entrada bastante tempo. Creio nem ter, nessa altura, noção do tamanho da casa. Hoje sei que nunca podemos ter. Dou os primeiros passos no hall e começo a perceber que a casa pode dar para me perder de tão grande, ou pode acabar já ali perto. Agora conheço tambem um quarto, pequeno. Cama de solteiro. Algumas noites pequena demais. Nessas noites vou até à porta do quaro e avisto uma sala grande. Talvez a maior da casa. Está cheia de coisas. Quando duas pessoas atravessam ficam uma só. Acho que é magia e torno a entrar no quarto pequeno por mais um tempo. Tenho de aproveitar aqui. Daqui a um tempo quero sentir a magia de atravessar a porta da sala grande. Ver tudo o que há para sentir.

A cada passo conheço mais desta casa. Pode ser grande esta casa que Ele nos deu...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

19/08/2010

Lembro-me de um intensa reflexão sobre máscaras. Lembro-me de nos desculparmos com a verdadeira necessidade de cada uma.

Hoje foi dia de pôr a mais pesada. Quase caiu.

As vezes sinto-me uma autêntica manta de retalhos.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Até ter uns nove anos escrevia religiosamente todas as noites...
Há dias assim, em que me volta a apetecer pegar na caneta e num caderno de cadeado, onde lembro esconder a chave num canto recondido da minha parteleira, e depois escrever... escorrer palavras como rio a bater nas pedras com a força dos sentires.
Mas logo a seguir começo a escrever, acalmo a força do rio e ele já só amacia as pedras com carinho, só para deixar uma marca e seguir, esquecendo os sentires pesados das margens que ficam para trás e que dão vontade de correr àquele canto escondido da parteleira, como quando tinha nove anos...

quinta-feira, 22 de julho de 2010


Ás vezes basta procurar caminhar. Percorrer com o intuito onde pôr cada passo. Procurar nao vacilar. Pôr bem pé bem seguro na terra firme.

Ás vezes conto até dez.

Ás vezes fecho os olhos bem cerrados.

Assim não sinto balanço.


Não gosto de balançar. É sempre um balanço. Sobra quase sempre cair.

Enjoo com frequência desde pequena.

Creio também que não sou boa a manter o equilíbrio.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Era uma vez uma senhora velhinha feliz, com mãos enrugadas de viver que escreviam o seu sentir.
Era uma vez a sua simples vida, cheia de ventos que sopram direito aos pedacinhos de Deus. Era uma vez um sopro dela que envolvia cada um. Era uma vez um conjunto de albuns, preenchidos de uma vida, folheados por duas mãos enrugadas. Era uma vez uma memória de elefante que desenha no pensamento as lembranças de mil dias felizes, e no sorriso a cara de alguns corações que a senhora velhinha tem abraçados ao bater do seu.
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Um dia gostava de ser uma senhora velhinha.
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Gostava de sentir que vivi para os outros, sem esquecer de viver para mim. Gostava de continuar certa de que Ele me envolve e me segura como se eu fosse uma pequena criança que não percebe as voltas do mundo. Gostava de sentir um orgulho bonito por cada pegada do meu trilho. Gostava de poder ver nele o sentido de cad dia dificil. Gostava de sorrir ao lembrar os olhares de quem tudo me diz, de quem molda com amor o sentido das minhas coisas...
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Gostava que no fim Ele me segredasse ao ouvido, "Percebes como valeu pena?"
Para eu poder responder... "É impossivel não perceber".

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Queria escrever, mas nao consigo...

talvez nao seja o tempo.
Mas creio que o tempo passou.

segunda-feira, 1 de março de 2010

tão p o u c a s... horas livres ao longo do dia,

p o u c o s quartos vagos na minha vida nos quais

possa entrar e encontrar-me a mim
própria.
t a n t a s coisas para fazer,
t a n t a gente
t a n t a s coisas e pessoas
i n t e r e s s a n t e s !

Pois não é apenas o trivial que nos
oculta a vida, mas também o que é importante.


Podemos ficar fartos dos nossos tesouros...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Encontro Ibérico Taizé - Porto, Missão 2010

Se perguntarem a cem pessoas o que é Taizé, certamente que terão cerca de cem respostas diferentes. Este lugar tem a particularidade de tocar a cada um de modo especial(mente) diferente. A experiência universal é a de comunidade, porém é unica a vivência de cada um e, na minha opinião, só assim faz sentido. Afinal, hoje em dia, são poucos os lugares onde é verdadeiro o sentido e o sentimento de comunhão que impera. Quando estamos neste lugar e partilhamos este sentir, Taizé deixa de ser só um lugarzinho algures em França e passa a existir em espírito e passa também a ser possivel existir em todos os lugares onde se queira vivê-lo. Foi neste sentido que mais de três mil e quinentos jovens se deslocaram até à cidade invicta para (re)encontrar Deus, o espirito de Taizé /de comunidade e até algumas caras conhecidas de uma ou outra semana naquelas terras de França.
O Porto acolheu de forma muito calorosa, bem ao jeito do Norte. A paróquia que nos acolheu - Senhor Jesus do Padrão da Légua - foi reflexo de toda esta simpatia e acolhimento, ao ponto de haver mais familias de acolhimento do que jovens a chegar à paróquia.
Os quatro dias fluiram como água de um rio, so que este correu ao contrário, da Foz até à Fonte; pois à medida que os dias passavam chegavamos mais perto do que eram as "Fontes da Alegria". O esquema dos dia era sensivelmente semelhante: Alimentavamo-nos com a oração da manhã na paróquia, para logo dispender a energia nas reflexões de grupo. Era então necessário repor energias com um almocinho em família para pôr mais conversa em dia. Chega então, novamente, a hora de gastar energias com o convite para comparecer num dos variadissimos workshops espalhados pelo Porto. A lógica permanece e eis que é hora de jantar junto dos restantes jovens, filas, cartões de refeições, comidinha bastante boa e comer no chão, claro está, para logo nos chegarmos até ao chá quentinho). Depois, logo ali ao lado, prepara-se já o ambiente para se dar inicio à esperada oração da noite, com a presença do irmão Allois que todas as noites nos presenteava com o dom da sua palavra. Com a noite e o frio bem marcados é hora de entrar no metro e no autocarro para regressar a casa e conversar mais um pouco com a nova família que espera a tarde toda por nós com um leitinho quente para saber como foi o nosso dia...
De facto, criaram-se laços de verdadeiras familias, não de sangue é certo, mas de Cristo. A verdadeira novidade de um encontro de Taizé para mim foi esta, a certeza que temos uma família muito maior do que conhecemos, esta certeza de que Deus nos criou para vivermos em Comunhão com toda a familia da Igreja. E foi/é tão bom sentir que esta família está sempre de braços abertos e pronta para nos acolher na sua casa.

Um enorme Obrigado por nos deixarem sentir em casa. E até muitíssimo breve!
Pai Zé, Mãe Luísa, Mana Cristina, Avó Olga, Tia Cota Amália, Pai Paulo e pequena Beatriz, Ricardo ... sorriso *

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

caneta e papel

Apetece-me escrever. Súbito desejo que parece surgir sempre em noites de lareira acesa e de uma réstia de nostalgia que vem sempre com o calor das chamas e que, estupidamente ou não, me fazem sempre regressar às terras de longe, aquelas que combinam com as cores deste lume.
Há muito que não paro por aqui, talvez seja até bom sinal. Passou o Natal, igual a tantos outros... talvez os últimos 20 de que o meu inconsciente possa, eventualmente, lembrar... Em reflexão sobre esta altura, como aliás sempre se faz, e como também, breve se esquece, (re)lembrei mais uma vez a minha incompreensão sobre o porquê de todos festejarem o natal e um terço festejar o Natal de Cristo. Mais um ano senti o meu Natal vazio de sentido e resolvi ir ter com quem o viveu à dois mil anos. Depois desta época festiva, como está tudo tão cheio de festa, partimos para a chegada de 2010. Diferente. Um ano que, para mim, começa com um esboço do sentido de comunidade e de partilha. As primeiras horas são de confissões no escuro, porém transparentes como água. Dias surpreendentes que não nos fizeram esquecer d'Ele e que, quero acreditar, Ele esteve bem perto quando trouxe a chuva até ao nosso Pai-Nosso, para logo a levar de volta. E de mais gargalhadas e sorrisos de gozo, memórias do passado perdidas em álbuns e de projectos feitos para este futuro recente. Depois dos risos, suecas, lareiras quentinhas e sopros gelados de neve bem perto, chega o igualmente gélido e doloroso atrofiar do cérebro durante um tempo, que embora curto é suficiente para entrar em estado latente de morte intelectual. Para este ano ficam os desejos e projectos diferentes: a curtíssimo prazo de festejar só ter de ir a exame a duas cadeiras; Taizé no Porto num já já a seguir; e a esperada organização e ida a pé a Santiago de Compostela... Queres vir?
Em Agosto deste ano relembra-se em Taizé o quinto aniversário da morte do Irmão Roger e o septagenário ano da Comunidade... talvez pense em ir viver esta experiência. Será algo a pensar para mais perto da data...